Fugindo ludopedicamente às intolerâncias
Me assusto e explico, não com duas palavras machadianamente, mas em delongas narrativas. Se paciente leia, se não, já sabe...
Um dia desses, em casa, ouço uma conversa rápida no portão, uma vizinha, espécie abelhuda, por assim dizer, brada a outra que num país em que índio recebe cestas básicas não se deposita confiança. Num outro momento, alguém comenta que o absurdo se deu quando um motorista de uma van roubara a vaga que lhe pertencia à sombra. Certa vez, não sei bem se sonhava, alguém falou alguma coisa sobre sotaque de nordestino, que pegara raiva devido aos políticos. Parece que teve um time de futebol, cheio de caridade e graça, impedido pelo cordeiro divino de dar uma passageira felicidade a infiéis carentes de alguma seita impura. Teve até um apresentador que não entendeu a felicidade de um lixeiro, que ganha tão pouco e é tão humilhado. Ninguém o explicou. Tem até gente branca de olhos azuis que crê, de uns anos pra cá, que quase tudo o que se faz no Brasil é preconceito contra sua raça: cotas, Enem, bolsa-família, Planos de Direitos Humanos, discursos, jogos de futebol. As coisas outro dia ficaram tão loucas que vi polícia brigando com polícia, pior, polícia batendo em professor, que vota no coronel que o bateu.
Quando uma pontinha de autoritarismo se coloca à espreita é hora de falar de futebol. E que venha a Copa do Mundo com tantos craques seleções, incluído aí, um dos que mais vence nos últimos tempos: o meia-atacante Jesus, um pouco sacrificado pelo treinador, é verdade, mas ouvi comentários que quanto mais impossível a tarefa parece, quanto mais morto ele parece, com mais força renasce, rumo aos céus. Parece que neste domingo defendeu Penalti e tudo no Fla-Bota, foi campeão carioca e desfilou mais uma vez seu marqueteiro nome pelo Maracanã em sua camiseta e na de seus companheiros. E ainda tem gente que diz que Futebol e Religião devem caminhar separados, se na Argentina tem a igreja pro tal Maradona, alguém deveria fazer uma Igreja pra Jesus. Nos últimos anos, foram duas Copas do Mundo, duas Copas das Confederações, inúmeros estaduais, sete ou oito títulos nacionais, falta-lhe agora a Libertadores com o Corinthians, missão essa, dizem alguns, quase impossível. Mas para Jesus, nada parece impossível.
Vitão
1 Comentários:
Exato. Para Jesus, nada é impossível. Exceto o emagrecimento do nosso nº 9.
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