Estesia

Percepção sensação impressão expressão... Somos um pequeno grupo de amigos empenhados em reagir a alguns estímulos; a idéia é registrar uma reação como um flash despretensioso, registro provisório do que, provavelmente, não chegará a conhecer forma mais consistente ou duradora. Um amontoado de esboços que nunca verão arte-final.

domingo, 24 de outubro de 2010

“O homem é o único animal que ri” - Aristóteles

Transcrevo abaixo um trecho de um artigo cujo título (e conteúdo) me inspirou para a escolha da imagem que ilustra o meu post de hoje: Análise do conceito de fealdade aristotélica

Pontuando o contexto em que Aristóteles comenta acerca da “fealdade” em sua obra “A Poética”, encontramos-la num trecho em que o estagirita teoriza a respeito das causas que geram a poesia. Segundo ele, como a poesia é uma arte imitativa, essa deve sua origem a uma tendência natural do homem, acentuada por ele em duas causas: “O imitar é congênito, no homem [...] e os homens se comprazem no imitado” . E é aí que entra o conceito de “fealdade” que queremos utilizar como referência de nosso trabalho. Pois, segundo Aristóteles, os homens se comprazem não no belo, mas, principalmente, no feio: “Sinal disto é o que acontece na experiência: nós contemplamos com prazer as imagens mais exatas daquelas mesmas coisas que olhamos com repugnância, por exemplo, as representações de animais ferozes e de cadáveres” .

Portanto, segundo o estagirita, as coisas que ao serem contempladas imediatamente nos parecem feias e repugnantes, quando mediadas pela representação artística, tornam-se aprazíveis e agradáveis, fazendo assim uma dissociação entre a fealdade d a coisa em si (a realidade retratada) e a arte (regras artísticas).

(POR UMA ESTÉTICA DO FEIO - uma aplicação do conceito de fealdade aristotélica à realidade social atual) de autoria dos professor Dr. Marcos Roberto Nunes Costa e seus alunos Carlos Alberto Pinheiro Vieira e Ricardo Evangelista Brandão da Universidade Católica de Pernambuco.

Trecho de “Por que ler os clássicos?”, de Ítalo Calvino:

Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual. (...)

O clássico não necessariamente nos ensina algo que não sabíamos; às vezes descobrimos nele algo que sempre soubéramos (ou acreditávamos saber), mas desconhecíamos que ele o dissera primeiro (ou que de algum modo se liga a ele de maneira particular). (...)

É clássico aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de fundo.

Trecho 1 de Vidas Secas:

O coração de Fabiano bateu junto do coração de Sinha Vitória, um abraço cansado aproximou os farrapos que os cobriam. Resistiram a fraqueza, afastaram-se envergonhados, sem ânimo de afrontar de novo a luz dura, receosos de perder a esperança que os alentava. Iam-se amodorrando e foram despertados por Baleia, que trazia nos dentes um preá. Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afasta ndo pedaços desonho. Sinha Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensangüentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo.

Abraçou a cachorrinha com uma violência que a descontentou. Não gostava de ser apertada, preferia saltar e espojar-se. Farejando a panela, franzia as ventas e reprovava os modos estranhos do amigo. Um osso grande subia e descia no caldo. Esta imagem consoladora não a deixava. O menino continuava a abraçá-la. E Baleia encolhia-se para não magoá-lo, sofria a carícia excessiva. O cheiro dele era bom, mas estava misturado com emanações que vinham da cozinha. Havia ali um osso. Um osso graúdo, cheio de tutano e com alguma carne.




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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Segundo turno

Enfim o fim das eleições, que pareciam sem fim e não acabaram. Depois de domingo, em que mais de um terço da população brasileira fora as urnas, não me contive e resolvi escrever um tipo de desabafo, em notas, emputecido que fiquei com diversos comentários e opiniões que vi veiculados pelo mundão... Não sou petista. Nunca fui. Nunca acreditei em ética acima de tudo, já que a sociedade impõe suas regras ao social. Não perguntam e devemos seguir às cegas. Não veja mal quando um banco privada sofre um golpe. Não vejo mal eim invasões de terra. Inclusive as defendo. Não vejo mal em roubos de rolex. Não sou partidário da moral burguesa-iluminista.

Alckmin e as festas

Ouvi uma professora dizer que vibrou com o fim das eleições em SP, porque "desse modo acaba logo o horário político". O professor no estado de São Paulo ganha cerca de 7 reais a hora trabalhada. Trinta e nove por cento menos que os colegas do Acre. A mesma pessoa não ficou insatisfeita com o segundo turno nacional. Aliás, deve ter comemorado também... A direita tem uma vergonha de o ser... A professora só não comemorou mais porque não pode comparecer a festa promovida pela Burguesia no domingo a noite. Faltava dinheiro pra pegar o metrô que não foi construído na Fundão, Zona Sul.

TFP, aborto e intolerância

A TFP (Tradição-Família-Propriedade), ala ultra conservadora da igreja católica, sente-se a vontade para defender a campanha de José Serra. Esta entidade é contra o MST, a esquerda, o aborto e o divórcio. São a favor dos brancos e dos bancos. E o Serra se diz de esquerda e se chama Zé.

CPIs e corrupção

Não nego que nesses oito anos tivemos escandâlos mil. Mas tenho dúvidas se não fora devido a uma maior investigação e a um Ministério e Procuradoria mais combativa que em governos anteriores. Elas por elas, prefiro tais investigações que ausência total delas. Em São Paulo foram 83 CPIs e... Nem foram abertas... Não nos esqueçamos de Geraldo Brindeiro nos anos FHC. Esqueceu? É que o camarada era mais conhecido como Engavetador Geral da República. Não sabemos nada sobre a privataria das empresas no período, sobre compra de votos, sobre os porões do poder de Fernando Henrique.

A saúde

Serra foi o ministro da saúde como nunca houve antes na história desse país (essa máxima começou com ele em 2001). Gastou 80 milhões em publicidade e 3 no combate a dengue. Deu no que deu. Foi a maior epidemia, como nunca antes nem depois houve no país.

Genéricos

Mas foi o ministro dos genéricos. Não nos esqueçamos. Também foi o governador dos genéricos: professor genérico nas escolas públicas. Material didático genérico. Médicos genéricos nos hospitais. Cursos genéricos a distância nas Universidades. Salários dos funcionários públicos genérico. E agora queria ser o Zé para parecer o Lula, o Lula genérico.

Polícia

Ah, já a polícia não foi genérica não. Foi de verdade. Cada estudante morto, cada professor agredido. E até mesmo briga entre eles (civis e militares). Nada foi genérico. Foram reais e bem reais...

Serrinha é paz e amor: