a geometria das águas depois de Cabral
O rio também passa
como faca que cortasse
o bolo na primeira festa.
O rio ao passar, pára
na represa que a usina fez,
como rústica pele - pedra tez -
a envolve-la, cresce, e rara
água-lua, assim acumulada
recria o conceito: ilha,
como lida às avessas,
( porção de água, cercada )
por pedra e pavimento.
esse acúmulo pretende:
ou tranbordar-se, dança de vidro,
menino a saltar
por sobre as pedras paradas;
ou rompe-las ao meio - descostura
inesperada.
Mas o abrir das comportas domestica
essa ave-água,
que fugidia assim, em fios d’água,
sussurra pro mundo ao entorno
sua ríspida mágoa.
Porque a música salta
é da corda mais tensa:
no ar, a onda lâmina,
líquida trança de vento,
volta enfim a ser
uma apenas água.

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