Estesia

Percepção sensação impressão expressão... Somos um pequeno grupo de amigos empenhados em reagir a alguns estímulos; a idéia é registrar uma reação como um flash despretensioso, registro provisório do que, provavelmente, não chegará a conhecer forma mais consistente ou duradora. Um amontoado de esboços que nunca verão arte-final.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ainda sobre o Corinthians

Visito regularmente alguns sites, blogs e páginas. Todas as quintas, assim que acordo, acesso a coluna do professor e lingusita Sirio Possenti, Docente da Universidade Estadual de Campinas, no portal Terra Magazine. Costumo visitar sua página porque seus textos são um alento a racionalidade moderada, pé no chão, baseada em argumentos, visito porque aprendo, tenho idéias e costumo me divertir. Além das constantes observações sobre a linguagem, o que mais me diverte é a fina ironia que escorre pelas estruturas de seus textos. Hoje, ele como Corinthiano, moderado, quebrando o estereótipo de que o Corinthiano obrigatoriamente é fanático e chato, escreveu algo que penso desde que li Freud a primeira vez, e que costuma comentar com alguns amigos. Como o texto sintetiza várias de minhas opiniões e explica muita coisa sobre o futebol, pedi autorização a ele e publico abaixo o fragmento de sua última coluna "Todos são contra o Corinthians porque queriam ser a favor":

Todos contra e felizes

No dia seguinte à eliminação do Corinthians, pipocaram e-mails com materiais humorísticos. Todos se divertindo com a derrota do projeto de timão. Houve belas sacadas. Mas também muita grosseria, já que o estereótipo do corintiano é o pobre e/ou bandido. Aliás, o fato deve ser motivo de reflexão dos sociólogos (na verdade, já foi). Há uma sequência fortemente ideológica nos estereótipos: o time de massa passa a ser time de pobre, o time de pobre passa a time de bandido (assim como o São Paulo passa de time de rico a time de gente fina (basta ver as falas do presidente sobre o perfil de seu técnico), e de time de bacanas a time de "bambis".

O interessante, no caso do Corinthians, é que os torcedores de todos os outros times se divertem com seu fracasso. Nada semelhante acontece quando quem perde é o Palmeiras ou o São Paulo.

Acho que Freud explica. Ocorrem fenômenos semelhantes na política. O partido mais criticado é o partido do qual se acabou de sair (aquele no qual se gostaria de ter ficado?). Foi abandonado ou porque não se conseguiu espaço para uma candidatura ou porque não foi mais possível exercer nele um papel ideológico relevante. Esse partido torna-se uma espécie de Outro, e esse Outro é o que o Eu não pode ser, mas gostaria de ser, se não fosse o que é.

Acho que o que acontece se deve ao fato de que todos os torcedores dos ouros times, se não torcessem por eles, torceriam pelo Corinthians.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial